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NAVEGUE NO MUNDO DOS LIVROS

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Cada vez mais ouvimos incansáveis discursos sobre a incontestável importância da leitura. Ler abre portas para um mundo novo. Seja descobrindo novos conceitos em livro técnicos, caminhando pelo mundo de Oz, voando pelas terras de Hogwarts, lutando pela Terra Média ou adentrando em Nárnia, quem lê vê o mundo de forma diferente, um novo horizonte em cada passo, um infinito de possibilidades e descobertas em cada instante. Entretanto, esse hábito não é tão valorizado contemporaneamente. A maioria da população não tem contato com a literatura, tão importante para o desenvolvimento de várias habilidades. A visão de alguém lendo é considerada retrógrada e a prática da leitura é perda de tempo. O sentimento de se sentir o sabor de cada palavra, tendo as páginas em mãos, ficou visto como algo ultrapassado, perdendo espaço para as novas tecnologias.

Uma ação que tenta trazer as palavras para mais perto da população são as “Feiras do Livro”, ocorridas na maioria dos municípios brasileiros. Instalando-se em locais públicos, as Feiras guiam a literatura para a vida cotidiana das pessoas, propiciando um contato direto não somente com as obras, mas também com seus criadores. Uma experiência que parece ser longínqua é apresentada de modo direto a uma multidão subitamente rodeada de palavras, histórias e mundos inexplicáveis que encantam todas as idades.

Entre os dias 27 de setembro e 13 de outubro essa experiência é concretizada na Praça Dante Alighieri, de Caxias do Sul. Trazendo vários autores nacionais, oficinas, sessões de autógrafos, bate-papos, contação de histórias e apresentações culturais, a Feira do Livro de Caxias do Sul proporciona a prática para todos os visitantes.

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Como sugestão, apresentamos o autor e jornalista Sérgio Rodrigues, presente na Feira do Livro de Caxias no dia 9 de outubro. “Escritor e jornalista, mantém o blog Todaprosa, o mais visitado e respeitado blog de Literatura da internet brasileira, agora hospedado no site da Veja.com. Lançou “Sobrescritos” (Arquipélago Editorial, 2009), coletânea com os melhores contos publicados no site. Autor dos romances “Elza, a garota” (Nova Fronteira, 2008) e “As sementes de Flowerville” (Objetiva, 2006); O homem que matou o escritor (contos, Objetiva 2000) e What língua is esta? (crônicas, Ediouro, 2005), publicado também em Portugal pela Ed. Gradiva. Ministra oficina de criação de blog literário, aulas-show sobre Os desafios da língua, e oficinas de criação  literária – Romance, conto e crônica.”

Confira a programação completa aqui.

SYMPATHY FOR THE DEVIL

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O caso que chocou as pessoas na região serrana do Rio Grande do Sul, na última semana, 26 de setembro de 2012, ocorreu na cidade de Caxias do Sul.

Um morador de rua, papeleiro, foi incendiado por quatro menores, entre 13 e 15 anos, por conta de uma dívida no valor de R$ 2,00.  Segundo a reconstituição apresentada pelo Jornal Pioneiro, os jovens teriam furtado uma faca pequena do papeleiro e o mesmo teira prometido pagar aos jovens R$ 2,00 pela devolução do objeto. Porém, segundo os garotos, Carlos Miguel dos Santos teria descumprido o trato, e assim os jovens resolveram se vingar. Na noite se sexta-feira, compraram R$ 2,00 em gasolina e seguiram para o barraco do morador, ateando fogo no mesmo e em sua moradia.

O ocorrido nos remete a uma comparação com o poema Sympathy for the devil do autor Marcelo Sandmann, o qual faz referência uma situação semelhante, mas com agressores de situação econômica privilegiada.

Sympathy for the devil

Marcelo Sandmann

Estudamos nas melhores escolas
Frequentamos cursos de linguas
Aulas de bateria e guitarra
Academias de musculação
Dirigimos carros importados
Vestimos roupas de grife
Dispomos de planos de saúde
Somos sócio dos melhores clubes
Viajamos, todos os anos, de férias, para o exterior
Nossa mesa sempre esteve cheia
Moramos em condomínios fechados
Com muros altos
Arame farpado
Guardas armados por todos os lados
Nosso pai é senador da República
Juiz o supremo
Próspero empresário
Conselheiro do Banco Central

*

Assim, terá sido por mero desfastio
Que varamos a noite de ontem
Travados de uísque e de coca

Depredando telefones públicos
Aterrorizando casais de namorados
Espancando e queimando indigentes nas calçadas

*

E se sociólogos antropólogos psicólogos metidos a besta
Quiserem explicar
Os tantos motivos de nossa singular rebeldia

Eu, de minha parte, simplesmente direi:
“Ele” existe
E concedeu-os franquia

Por gentileza, queira aceitar o meu cartão

Os meios de comunicação de massa, atribuem a tragédia um conjunto de problemas, entre os quais encontram-se a má estruturação familiar, a situação econômica, e o ambiente em que os jovens vivem cotidianamente.

Entretanto, como o poema nos mostra, independentemente da classe social dos infratores e do convívio familiar, essas atrocidades podem acontecer.

Este fato, é um tanto quanto difícil de ser atribuído a uma causa ou a uma explicação absoluta. Por isso pedimos que você reflita e tire suas próprias conclusões, deixando a sua opinião.